terça-feira, outubro 28, 2003

Deus inventou a reprodução e o homem inventou as escolinhas de educação infantil!

Estou de férias!!!!
Ontem coloquei a Mariana numa escolinha, só por uma semana, o dinheiro não deu pro mês inteiro, mas tudo bem, uma semana, essa semana, que antecede a prova do mestrado, já é o suficiente pra eu descansar um pouco e aproveitar enquanto descanso pra estudar também e enquanto estudo repouso minha mão, já pensou eu fazendo a prova de mestrado e tenho uma crise de tendinite??? Não dá né?!
Ah fora a sensação de férias que dá!
Ontem eu queria dar um beijo em quem inventou a escolinha infantil viu! Mas que boa idéia!!!!!!!
Fiquei com dó da bichinha, achei que ela fosse estranhar a escolinha e tal, mas que nada! Acho que nem queria vir embora! Quando cheguei ela estava dormindo, acordou rindo pra todo mundo! E olha que ela tem fama de séria hein! Não é facinha assim de rir pra qualquer um não! A gente voltava pra casa e na rua ela ria pra todo mundo! Gente ela adorou a escolinha! Fora que lá tem um monte de crianças pra ela brincar e brinquedos diferentes e gente pra dar colinho!
Pena que só tem escolinhas assim pra crianças, quisera eu ter colinho e brinquedos e um monte de gente pra brincar também! Rs...
Ontem também foi minha primeira bodas com o Reinaldo, digo primeira porque foram dois anos! Um ano é boda e dois é bodas! Fizemos bodas de Papelão! (não sei se existe bodas de dois anos então resolvemos inventar, como a idéia é que com os anos o relacionamento fique valioso, bodas de prata, de ouro, de diamante, decidimos que nossa primeira bodas ia ser de papelão!).
Comemoramos com a Mariana, um programinha básico, fomos a uma palestra no centro, rezamos um pouco e voltamos pra casa pra comer miojo e manjubinha!
A próxima vai ter torta de bombom!!! E vai ser bodas de garrafa pet!
É só!
Acabou!
The end!

quarta-feira, outubro 22, 2003

Terrible!

Qui est terrible?
C'est ma petite: Mariana!
Estou até pensando em começar uma campanha para incluir alguns esportes novos nas olimpíadas como por exemplo a engatinhada, ela tem grandes chances de ganhar porque a gente pisca e lá está ela, a quilômetros de distância!
Outro esporte seria "Quem come mais papel", porque a Mariana tem síndrome de traça, não pode ver um papelinho que tchum, enfia na boca, mastiga e se a gente não acode a tempo engole! Estou pensando em começar a dar papel de origami pra ela, quem sabe na saída não me deparo com um tsuru ou um elefante de origami, sei lá... se o intestino dela for paciente, quem sabe?!
Minha última idéia foi inscrevê-la no "Se vira nos trinta" do Faustão.
O que ela faz?
Destrói qualquer coisa em trinta segundos!
Será que isso vale?
Até imagino, já pensou ela destruir o programa do Faustão, imaginem a legião de fãs que ela ia criar para si, milhares de telespectadores gritando: "viva, estamos livres do Faustão!! Eba! Viva Mariana!"
Acho melhor não, ela é muito jovem ainda para lidar com tamanho número de fãs, vou tirar essa idéia da cabeça...
As peripécias de Mariana ao menos me distraem, me cansam, claro, mas o sorrisinho dela de alegria compensa esse cansaço (acho!).
O engraçado é quando eu falo não ou fico braba com ela, a bichinha chega treme, me sinto uma tirana nessas horas, não sei como consegui tanto respeito dela, porque quando eu fico braba e ela percebe, vixe! não dá um pio sequer, é como se ela soubesse que sou capaz de uma grande atrocidade e preferisse não pagar pra ver!
Mas ainda assim... ainda temendo, respeitando, ou seja lá que nome se dê a isso, ela é terrível!

Temperos

Tem vezes que a vida da gente fica tão sem graça que nem dá vontade de ficar contando.
O que é bom de contar é aquilo que é grandioso, seja bom ou ruim. Por exemplo se uma comida está muito gostosa dá vontade de comentar e se está muito ruim também, agora se está normal e é sempre normal então é normal que não se comente, que apenas se coma, normalmente...
Óbvio que existem exceções, por exemplo, Neruda certa vez escreveu uma poema denominado "Ode à cebola", sempre que o leio fico emocionada, o poema todo é dedicado e sobre a cebola (cebola cebola, dessas que a gente corta e usa na cozinha mesmo), coisa tão comum, tão banal, quem pensaria em fazer um poema à cebola?
O amor, a morte, a vida, esses são temas grandiosos, temas recorrentes na literatura e no pensamento, mas... a cebola?
E é exatamente isso que me emociona neste poema, essa falta de pretensão, essa simplicidade, isso de transformar o cotidiano em algo extraordinário, porque até então ninguém tinha dito "e quando te corta a faca na cozinha nasce a única lágrima que não nos aflige". As pessoas choram cortando cebola e sabem que é um choro sem aflição, porém Neruda disse isso quando ninguém antes tinha dito, ele conferiu a esse simples fato um status qualquer.
Ás vezes eu sinto isso quando a Mariana sorri e é só um sorriso de criança, como milhares de outros sorrisos de criança, no entanto esse sorriso, extamente esse que não tem nada de especial enche meu peito de ternura e faz vibrar as cordas do meu coração. Outras vezes enquanto passo as mãos pelos cabelos do Reinaldo fico a imaginar como a vida é simples e que não há de se complica-la porque nada existe além do momento presente. E quando minha avó me liga e me chama de Shirlinha eu fico a cismar como somos frágeis n'alma, pois embora adultos, marmanjos, sentimo-nos bem ao ouvir, como quando éramos crianças, nosso nome no diminutivo.
Há milhares de momentos banais que me fazem bem lembrar, meu irmão falando comigo, deitado na cama, ouvindo minhas filosofias enquanto o sono não vinha (conheci meu irmão tão tarde na vida, em criança não se conversa muito, só quando a gente cresce que a gente conversa, de fato), minha irmã toda avoada enchendo a casa de alegria e extravagância, às vezes enchia o saco, mas dá saudade, ainda mais depois da sobrinha que é uma menina linda!
Os pais! Nossa dos meus pais lembro muitas coisas, nem todas boas, claro, mas muitas lembanças meigas. Por exemplo no natal meu pai colocava uma cadeira ao lado de cada cama e como éramos pobres ele comprava pra cada um dos três filhos um refrigerante pequeno, um bombom e um brinquedinho (bem baratinho) e colocava em cima da cadeira. Pela manhã que surpresa! Sabíamos que não era grande coisa aquilo, mas era uma coisa tão grande!!!!!!!! Ele dizia que era papai noel que tinha trazido e acreditávamos, embora não acreditássemos!
E minha mãe é tão coruja, sempre gostou de falar bem dos filhos pra todo mundo, coisa de mãe, ela acha que somos os melhores filhos do mundo, embora não sejamos tão bons assim, mas no coraçãozinho somos, e quem vai convencê-la do contrário?
Tem também os amigos... mas acho que não devia citar nomes, que é pra não ser injusta, se falar de um tem de falar de todos, isso porque todos os meus amigos são muito ciumentos, se todos se encontrassem numa festa eu não ia poder ir, ou ia ter de falar com todos ao mesmo tempo! Como diz uma amiga, amigo de verdade é aquele que te recebe de madrugada com um sorriso nos lábios!
Tantas lembranças me deixaram esses todos que conviveram comigo...
Agora estou meio sozinha, não tive chance de fazer amigos, estou meio isolada, não sei, talvez eu tenha virado mãe!
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA, será que foi isso??????
Meu deus!!!
Será que agora que sou mãe vou ser como todas as outras "mães"??????
Ai deusinho por favor não faz isso comigo não!!!!!!
Tenho lembrado muito da música da Elis "minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo, tudo que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos, ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais", será?
Eu sei... eu sei... a vida não é receita de bolo, mas e se a vida for o bolo????????
Se for tá ferrado porque então não importa que ingredientes usar vai sair bolo no final...
Ora ora, vejam vocês a que ponto chegamos, de Neruda a Bolo.
Melhor parar de blogar senão daqui a pouco sabe-se lá de que se falará.

domingo, outubro 19, 2003

Contraponto

Fernando Pessoa, em seu livro do Desassossego, fala que todos temos uma vida que é vivida e uma vida que é sonhada e que não sabendo ele nunca qual é uma e qual é outra dá importância a ambas.
A vida sonhada geralmente é mais perfeita, embora não tenha tantos detalhes quanto a vivida. Porque em sonho, ou planos, as coisas ruins podem ser despachadas via sedex, enquanto que na vida vivida há sempre um ingrediente faltando quando se quer fazer aquele suflê delicioso. Um detalhe tolo, fútil, mas que juntamente com outra série de detalhes também tolos e fúteis geram momentos de descontentamento. Um botão na camisa não é o suficiente para nos tirar do sério, no entanto junte-se a isso, não achar o anticoncepcional, escorregar num brinquedo que está jogado no chão, um bebê reclamando atenção, um leve odor de queimado no ar (e a lembrança de uma panela no fogo), pronto! O nervosismo é inevitável. E chutar o cachorro às vezes não basta (ainda mais quando nem cachorro se tem) é preciso chutar a vida! E aí já viram... reação em cadeia ....... alguém chuta a vida no Brasil ................. e uma velhinha é morta em Londres! Imagina ser culpado pela morte de uma pobre velhinha que atravessa a rua em Londres!?
Esses pequenos aborrecimentos nos desgastam mais do que um aborrecimento substancioso. Porque os primeiros a gente não pára pra pensar, pra discutir, pra resolver, eles vão passando ou se acumulando, dependendo de cada um. Os últimos como geralmente são grandes, não podendo conviver com eles, logo os resolvemos, nem que seja em nós mesmos.
Esses dias eu já devo ter cometido um genocídio em Londres, fico imaginando quantas velhinhas não morreram por minha culpa!
E eu, que farei com minha culpa?
Recolho-a e continuo chutando o cachorro........e matando velhinhas!
Pessoa era um sábio, dando importância à vida sonhada ele podia se privar dessas veleidades fúteis, tolas, podia viver sem detalhes, ignorando-os completamente de acordo com sua vontade, não o devia incomodar a falta do botão na camisa (isso se ele desse por essa falta - e camisa de sonho lá tem botão?). Nós, reles mortais, vivemos cada detalhezinho!
E dizem que Pessoa era louco, esquizofrênico!
Ouvir o que quer, ver o que quer, dar importância somente ao que se quer é considerado distúrbio mental.
Eu costumo chamar isso de superioridade!
Quisera ver e ouvir e viver apenas o que me delicia a alma e o corpo, mas o contraponto se interpõe entre minhas delícias.
Aos sorrisos se seguem as lágrimas e depois os sorrisos, como na toada de Drummond: briga, perdoa, perdoa, briga...
e assim, nessa toada, seguimos...

segunda-feira, outubro 13, 2003

Delícias e Dores Maternais

Estranhamente decidi dedicar o dia de hoje à minha filha, a Mariana. Acho que foi um pouco de culpa por esses dias anteriores que foram tão estressantes e cansativos, sábado e domingo eu ainda estava sob a influência do stress da última semana e não estive com ela o quanto eu penso que ela merece, então hoje, que é segunda-feira, portanto dia de começar as coisas, resolvi que ia assumir plenamente meu papel social de mãe.
No começo foi fácil pois a Mari sempre acorda feliz, sorridente, minhas manhãs depois dela (desde a gravidez) são todas felizes, é impossível acordar, ver aquele sorriso e não se sentir bem. Sorriso de criança é diferente, é pleno!
Depois o esquema quase sempre é o mesmo,ela adora ficar na cama conosco fazendo peraltagens, eu o Rei a tiramos do berço e a trazemos para a nossa cama, daí ela se deita e fica rindo olhando a cara da gente, passa a maõzinha no rosto e ri, enlaça nosso pescoço! eu aproveito pra apertá-la todinha, às vezes dou umas mordidinhas, mas de leve, ,nada que machuque (muito!), dou um monte de beijos com barulhinho nela, ela adora barulho de beijo!!!!!!!! Depois ela se entrete com o Rei um pouquinho, passa a mão pela barba dele e fica rindo, acho que quando ela a beija faz cócegas porque ela ri um bocado nessa hora, aproveito pra ir fazer xixi e escovar os dentes, daí é trocar a fralda, dar o café da manhã, que geralmente é uma fruta, ou um suco, um biscoito, coisa leve... depois vem a parte da brincadeira, da folia! Nada de carrinho, nada de cama, ela quer é chão!!! E não contente em ficar sentada brincando se apóia nas coisas pra ficar de pé e sai andando de apoio em apoio (ainda mais que o quarto dela está cheio de coisa, guarda-roupa, cômoda, berço, cama). É engraçadíssimo o cuidado que ela tem pra se sentar, tem medo de cair, pois se senta com tanto cuidado, sempre usando o móvel de apoio a seu favor. Nessas horas eu não interfiro, deixo ela livre pra brincar, levantar, sentar, só tomo cuidado pra não mexer nas coisas, principalmente uma caixa de livros (que fica no chão do quarto), o ventilador e o som. De vez em quando ela olha em volta pra ver se não está sozinha, me vê e sorri, eu retribuo o sorriso e ela murmura alguma coisa ininteligível voltando a brincar.
Passa um tempo e já está com fome de novo, come e dorme! depois é hora do banho, ai que todo mundo toma banho junto de tanto que ela bate as mãos na água, toma banho cantando não sei que música, nunca consegui pegar a letra, e a melodia também é meio ruim, acho que é uma música muito antiga a que ela canta, pois lembra os homens das cavernas falando!
Aí ela almoça e brinca e às vezes faz cocô (ah que agonia pra fazer cocô! tem prisão de ventre a bichinha! tem dias que chora de dar dó!). E após o soninho da tarde. Quando a gente já está cansado das atividades diárias eis que...
começa o momento do enjoamento, não sei se com todo bebê é assim, mas a Mari deu 6 horas da tarde é um deus nos acuda, não quer colo, nem carrinho, nem carinho, nem chão nem nada, quer alguma coisa que ninguém sabe o que é porque tudo que damos pra ela não a faz ficar melhor.
Hoje também foi assim, só que com um agravante. Ela passou muito mal, vomitou pra caramba, muitas vezes. Fiquei muito nervosa porque eu não sei o que fazer nestas horas a não ser me desesperar e pedir a Deus. Íamos levá-la ao pronto socorro, mas decidimos esperar um pouco, passou um tempo ela estava com sono, exausta, mamou e dormiu, está dormindo agora, ainda não sei se está bem, de vez em quando eu vou lá dar uma olhada. Essa noite meu sono deve ser bem leve, sei que não vou dormir profundamente, quando a gente vira mãe fica assim.
Queria muito meus pais perto de mim, eles sempre sabem o que fazer nessas horas, eles sempre tem histórias de que nós já tivemos isso mas não foi nada e coisa e tal, e isso nos faz crer que não é nada, que vai passar daqui a pouco. A mãe do Rei me estressou um pouco, ficou falando que isso era falta de crença em deus e que a gente tinha de ir na igreja dela que não sei quê... isso não ajudou, pelo contrário, detesto esse discurso! Sabe-se lá quem crê em Deus ou não? E de mais a mais eu frequento o meu centro espírita (que não é de macumba, como ela, por ignorância pura, acha que é), por que é que os evangélicos acham que só eles creem em deus? eu hein!
Agora vou me deitar e repousar um pouco, ainda estou meio nervosa, preocupada, mas espero que amanhã já esteja tudo bem.
E foi assim meu dia, cheio de doces delícias e de algumas dores, porque viver é exatamente isso, aproveitar os prazeres e conviver com os dissabores!

domingo, outubro 12, 2003

Escola da Família

Hoje é 12 de outubro, dia das crianças. Como não tinha nada pra fazer resolvi me oferecer para fazer atividades em uma escola de periferia da cidade. Vou falar um pouco sobre isso.
O Governo do Estado de São Paulo colocou em prática um programa que se chama "Escola da Família". Consiste no seguinte: as escolas do estado passam a ficar abertas durante o fim de semana no intuiuto de que as famílias a frenquentem para realizar atividades, que são oferecidas por bolsistas do estado (que ganham a mensalidade da universidade onde estudam) ou voluntários que saibam alguma coisa e se proponham a ensinar na escola. Funciona sábado e domingo de 8 da manhã às 5 da tarde. Há um coordenador em cada escola com diploma de curso superior e que recebe 700 reais para trabalhar 20 horas semanai (8 sábado; 8 domingo; e 4 durante a semana em reuniões), a diretora do colégio recebe igualmente a quantia de 700 reais para estar no colégio nos fins de semana, só que apenas 4 horas por sábado e 4 por domingo.
Pois bem, há um colégio na periferia de Bauru que a diretora é minha amiga e me convidou para fazer alguma coisa lá como voluntária, como não estou trabalhando, não vi problema na proposta.
Até hoje fui lá 3 vezes.
Da primeira vez voltei pra casa com o coração doendo e uma enorme tristeza na alma pois visitei a biblioteca da escola e tive uma horrenda surpresa, vi livors que nem em sonho eu imaginava ter numa biblioteca de escola pública (Exercícios de ser criança, do Manoel de Barros; A maior flor do mundo, do Saramago; Fita verde no cabelo, do Guimarães Rosa) fora os de sempre, autores consagrados na literatura infantil brasileira, como Ana Maria Machado, Silvia Orthof, Ruth Rocha (só para citar alguns). E os livros estavam tão maltratados, jogados em estantes sujas, num lugar escuro e sombrio, pobrezinhos, abandonados! A sensação que tive deve ter sido similar a que os Europeus tiveram quando encontraram na América índios cobertos de ouro sem a minima noção do valor que aquilo tinha no mundo dito "civilizado", o que maravilhava meus olhos, invadia meu ser de cobiça, povoava minha alma de sonhos e me proporcionava os prazeres da carne nada significava para aquela comunidade de periferia, que sequer sabia quem eram Saramago, Guimarães Rosa ou Manoel de Barros.
Até hoje não me recuperei completamente dessa visita, ainda me dói o coração pensar que aquelas crianças poderiam conhecer coisas tão preciosas se alguém trabalhasse isso com elas, no entanto o governo do Estado, embora se disponha a formar uma biblioteca tão rica materialmente não tem a mínima noção de que não bastam os recursos materiais sendo necessários também os recursos humanos para que o desenvolvimento humano se dê. A biblioteca tem um acervo material fantástico mas não tem um bibliotecário (ou alguém responsável por desenvolver atividades lá dentro), o governo não libera verba para pagar uma pessoa que possa fazer isso. Dá pra entender? Se alguém entendeu me explica como se eu tivesse cinco anos de idade porque eu não consigo compreender tamanho descaso, tamanha ignorância.
Bem, passemos para a segunda vez que estive na tal escola.
Da segunda vez fui para fazer uma atividade com pessoas da terceira idade, preparei uma atividade com origami e contação de história. Resultado: não apareceu ninguém! o máximo que consegui foi que uns gatos pingados (crianças que estavam por lá) se interessassem pelo que eu estava fazendo e me pedissem pra eu ensinar a elas. O que de todo não foi ruim. A partir daí comecei a reparar, imagina, a escola é um lugar mitificado, é um lugar onde se aprende e se ensina e isso na cabeça das pessoas, principalmente as mais simples, é uma grande coisa! Ninguém entra numa escola pra se divertir, pra se descontrair, achando que ali vai ser super legal fazer alguma coisa. A escola da família nesse sentido, principalmente na periferia, é um fracasso, porque a família não frequenta!
Da terceira vez, que foi hoje, me propus a fazer brinquedos de sucata com as crianças, elas apareceram, um tanto sujas por demais (mas tudo bem), quando digo sujas não imaginem sujas, imaginem sujas, crianças descalçadas que moram em ruas sem asfalto e estavam brincando desde manhã (imaginaram?). Não haviam levado a sucata necessária para a confecção do brinquedo, um pouco por má vontade mesmo. Estavam inquietas, um pouco agressivas... e eram parcas crianças... não posso dizer que não fiquei satisfeita com a atividade porque quantidade prova nada, principalmente em educação, mas gostaria de trabalhar com mais crianças, provocar sorriso em mais gente!
A situação é muito séria, ler o que escrevo é diferente de ter visto e vivido isso, quando a gente se depara com a situação, quando a realidade está diante dos olhos, dói mais, a indignação é maior.

Porque hoje é dia das crianças e dia de Nossa Senhora vou me permitir fazer um pedido:
Que as crianças do mundo possam ter melhores condições de vida, melhores expectativas e que cada uma possa, ao menos uma vez, sentir o gosto de ler um bom livro!

sábado, outubro 11, 2003

Novela do Mestrado

Capítulo 1

Não sei como começar...
Vejamos...
O que ocorreu foi o seguinte:
Decidi tentar mestrado em Educação na UNESP de Marília, por que em Educação e não em Filosofia? Sei lá, acho que fui tomada por uma síndrome de sentir-se educador! Acho que após o estágio no Programa de Leitura da UERJ eu fiquei empolgada em incentivar as pessoas a ler, me apaixonei pela contação de histórias, por isso de levar o texto a pessoas que até então tinha uma visão de que ler é coisa pra se fazer na escola, quando ler é uma atividade pra se fazer principalmente fora das atribuições escolares.
O fato é que decidi tentar mestrado esse ano em Educação. Fiquei super preocupada em fazer um projeto bom e pra isso li bastante, claro que eu precisei de ajuda pra que ele ficasse razoável (a Ana Paula ajudou nas nossas conversas online, dando idéia do que eu poderia observar na pesquisa, a Cirlei leu o projeto e deu dicas pra ele ficar apresentável, o Reinaldo cuidou da parte estética e por fim a Maria Cristina, fechando com chave de ouro, leu e disse que estava bom - não foi só nisso que ela ajudou, mas o resto eu conto no próximo capítulo).

Cenas do Próximo Capítulo: última semana de inscrição, Shirley descobre um obstáculo que poderá impedí-la de tentar o mestrado.


Capítulo 2

Última semana de inscrição, projeto em fase de revisão, eu aguardando o dinheiro que meu pai ia mandar para eu fazer a inscrição.
Segunda-feira: decido verificar a documentação necessária para inscrição: rg, cpf, título, projeto, taxa de 30 reais, diploma (ou declaração de conclusão de curso), Histórico escolar ...... o que???????? histórico escolar?????????? ESSE EU NÃO TENHO!!!!
Ligo na Universidade e pergunto se pode ser outro documento ou se posso entregar o histórico depois, óbvio que não permitem, e ainda são categóricos, ou traz todos os documentos do edital ou não faz matrícula.
Apavorada ligo na uerj, no DAA, mas... quem falou que eles atendem telefone lá? quando não dá ocupado chama até cair a ligação, na secretaria me informam que histórico escolar só lá se pode pedir e ainda que se eu não for pessoalmente tem de ser alguém com uma procuração minha.
E agora José?
Fico triste, chateada, desesperada, infeliz, desconto no Reinaldo, na Mariana, na minha sogra (hum... essa parte ate que foi boa, rs)...
E não adiantou (já repararam como não adianta descontar nossa tristeza nos outros? só gera mais infelicidade).

Capítulo 3

Terça-feira: Penso em desistir e me preparar melhor para o ano que vem, afinal de contas o que não tem remédio... mas o Reinaldo insiste, acho que por ver como fiquei triste e ter presenciado o meu esforço em fazer o projeto. Mesmo assim fico em dúvida, não sei se vale a pena já que está dando errado talvez não seja pra ser e tal, a gente sempre pensa isso quando as coisas começam a dar errado, e muitas vezes muitos sonhos não se realizam porque nos deixamos abater por esse pensamento e cruzamos os braços. Felizmente o Reinaldo me alertou pra isso e decidi ao menos tentar me inscrever já que faltava apenas um item do edital. Liguei pra Maria Cristina, que foi a única pessoa que me veio a mente na hora e ela demonstrando a maior boa vontade do mundo começou a me ajudar pra ver o que podia conseguir. Só que as instituições são muito rígidas e exigem documento pra tudo, de modo que ela não poderia fazer o pedido do meu histórico sem uma procuração minha autorizando, fora o fato de que o histórico demoraria 5 dias para ficar pronto, ainda assim fiz a procuração e enviei pelo correio. Fui dormir triste este dia, mas um tanto quanto conformada. De noite deitada na cama, pensando ainda num modo de salvar a "bezerra da morte" lembrei do Boletim de Aproveitamento Acadêmico. No outro dia logo cedo liguei em Marília pra ver se este documento servia mas de novo disseram que não, que não tinha jeito mesmo. O Reinaldo começou a ligar pra algumas pessoas aqui, amigos e professores dele, e todos me aconselharam a insistir, a ir lá e tentar assim mesmo.

Capítulo 4

Quarta-feira:Continuo revisando o projeto, o Reinaldo fica até tarde da noite mudando coisas pra mim, ajeitando a bibliografia etc etc etc. A Maria Cristina me liga dizendo que o histórico está disponível online, entro na internet e imprimo um, melhor isso que nada!

Capítulo 5

Quinta-feira: Tenho de mudar a metodologia, adequá-la aos moldes ditos científicos e aceitáveis para pesquisas universitárias, por isso só na sexta, último dia de inscrição, poderei ir até Marília.

Cenas do Próximo Capítulo: um desfecho inédito acontecerá, Shirley vai ou não vai conseguir fazer a inscrição? leia logo abaixo o que aconteceu...

Capítulo 6

Sexta-feira: ùltimo dia, manhã corrida, fotocopiando documento, imprimindo projeto, currículo etc. Reinaldo tentando ajudar e Mariana tentando atrapalhar. Enfim consegui sair de casa, peguei o ônibus do meio dia, fui com uma ex-professora do Reinaldo, a Roseane, ela foi se inscrever no Doutorado, fomos conversando e isso foi muito agradável, o ruim é que sempre fico enjoada quando ando de ônibus, ainda mais esses que vão saculejando, ai, nem posso lembrar que já passo mal, vomitei tudo que tinha dentro de mim, e olha que só tinha o café da manhã, ou nem ele, já que era aproximadamente uma hora da tarde. O ônibus deu voltas e mais voltas e chegando lá eis minha surpresa: não aceitaram o histórico online, foram até muito grossas comigo. Perguntei sobre o BAC (Boletim de aproveitamento acadêmico) e disseram que até aceitariam se tivesse completo, mas não estava, me disseram que se eles mandassem um fax eles aceitavam. Lá vai eu de novo, ligo pro reinaldo pra ele ligar na uerj e ele liga pra Maria Cristina e ela (sempre com boa vontade!) vai até lá e consegue finalmente resolver isso pra mim. Tudo estaria terminado aqui, não fora o fato de que eles exigem o currículo pela cnpq lattes, ,alguém sabe o que é isso??? e um troço lá que a gente tem de cadastrar o currículo na internet no site do cnpq. E eu ia lá saber isso??????
A essa altura o pessoal lá já estava até com pena de mim, acho, pois me deixaram usar um computador lá pra fazer isso, só que o site estava fora do ar, fiquei até 5 horas tentando e o máximo que consegui foi cadastrar meus dados pessoais e que eu tinha feito graduação, só isso, todo o resto não consegui, e o currículo vale ponto! a moça de lá anexou o que eu tinha levado ao que do cnpq, acho que até ela achou sacanagem eu não ter conseguido.
Saí de lá 6 horas da tarde e cheguei em Bauru quase 10 horas. Comi alguma coisa porque não consegui comer nada lá o dia todo, tomei banho e desmaiei na cama.
Isso me serviu de lição em várias coisas, primeiro que a gente não deve deixar tudo pra última hora, segundo que a gente tem de tentar até o último segundo, terceiro que Deus sempre coloca uma alma boa na vida da gente pra ajudar quando a gente precisa!
Agora começa uma nova etapa, vou me preparar para as provas!!!!!

O próximo capítulo será o resultado das provas, que vai sair dia 28 do mês que vem, boas ou más, eu conto as notícias!

quarta-feira, outubro 08, 2003

Não sei... não sei...

"Não sei se ficou ou passo"... Cecília ainda cantava eu nem cantando estou, ai que coisa tensa é a gente estar preocupado, até o corpo dói!
Ou será que anda doído é de carregar a gorducha da Mariana? Gente como está grande!!! sapeca! levada! serelepe! Acho que ela é superativa, enquanto eu fico querendo dormir ela fica querendo viver, brincar, engatinhar pra cá e pra lá... acho que a gente devia nascer velho mesmo viu! tanta energia as crianças gastam desgastando os pais! e depois quando ficam mais velhas se enchem de preguiça e cansaço!
Mas mudando de assunto a novela do mestrado continua... amanhã vou lá na universidade tentar fazer a inscrição, vou levar tudo certinho, os documentos, o projeto, tudo tudo... só vai ficar faltando mesmo o histórico, espero que dê tudo certo, rezem por mim.
Espero ter boas notícias pra escrever no blog amanhã!
Ah hoje vi quanto fica a passagem de Bauru pra Tocantins: 120 reais, fora a lonjura, são 17 horas de viagem!
Acho que se eu for passear lá não volto mais, por isso é que lá começou a ser povoado, as pessoas iam e não tinham coragem de voltar!
Ai deusinho, me ajuda a dar tudo certo amanhã!

terça-feira, outubro 07, 2003

Querido blog...

Ontem aconteceu uma coisa super chata...
é que eu estou querendo tentar mestrado e me esforcei pra caramba pra fazer o projeto e tal, estou melhorando ele e coisa e tal e isso e aquilo e fiquei tão preocupada com isso que esqueci de verificar se tenho a documentação necessária para a inscrição. E não tenho! Falta o histórico escolar.
Tentei ligar na uerj ontem o dia todo pra ver se conseguia isso e não consegui. Hoje pela manhã falei com a Maria Cristina, uma professora de lá por quem eu tenho respeito e carinho inestimáveis, ela ficou de ver se pode fazer alguma coisa por mim.
Fiquei muito triste ontem, aborrecida mesmo, ,só não xinguei a vida porque Drummond diz que "não vale a pena xingar a vida, a gente vive e depois esquece".
Ontem foi um dia de cão, não desses cães mansinhos e dorminhocos, mas desses cães raivosos e irados!
Hoje estou melhor, ou pelo menos tentando me sentir assim.
Caso não consiga fazer a inscrição vou continuar pesquisando e melhorando o projeto, um dia ou outro eu tenho de conseguir fazer esse mestrado, afinal de contas isso é um objetivo que tenho e não vou abrir mão.
Acho que se não conseguir também vou tentar fazer uma viagem, pra recuperar as forças, reaver o gás que perdi...
O Reinaldo e a Mari estão me apoiando incondicionalmente, mais o Reinaldo do que a Mari, que mesmo sabendo que estou triste continua querendo ir a todo canto e reciclar qualquer coisa que vê no chão (reciclar = transformar em elemento orgânico, cocô - entrar por uma porta e sair por outra - comer!).
Não estou muito disposta para escrever.
Queria agradecer a minha amiga Cirlei também por ter lido e dado boas dicas no meu projeto (Obrigada Ci!)
E mandar um beijo especial pra Ales, não fica triste não Ales, a vida é assim mesmo!
E chega, senão isso deixa de ser um blog e passa a ser um classificado emocional!
Até a próxima boa, ou má, notícia!

domingo, outubro 05, 2003

Olá pessoal! nem acredito! eu tenho um blog, ou brog, ou grog, acho que é tudo parecido!!
Bem pra quem não sabe o que é um blog vou explicar:
Blog é uma palavra inglesa que eu não sei o que significa, no entanto, meu marido disse que é um diário virtual...
Pra quem não sabe pra que serve ter um blog vou explicar também (uau! hoje estou pior que Freud! explicando tudo!):
Um blog serve para as pessoas saberem como vc está, logo quem quiser saber notícias minhas não precisa gastar fortunas em interurbanos ou ficar esperando aflitas cartas ou e-mails, basta acessar meu blog e ler, cotidianamente o que está acontecendo...
O bom é que vocês vão poder ficar felizes com os bons acontecimentos, o ruim é que nem só de bons acontecimentos vivemos... portanto, também vou aproveitar pra contar as coisas ruins, mas prometo que vou suaviza-las para que vocês não sofram comigo...
Por enquanto é só!