quarta-feira, abril 30, 2008

"Não há nenhum pensamento importante que a burrice não saiba usar, ela é móvel para todos os lados e pode vestir todos os trajes da verdade. A verdade, porém, tem apenas um vestido de cada vez e só um caminho, e está sempre em desvantagem"

Robert Musil em O Homem sem Qualidades

segunda-feira, abril 28, 2008

Até em Cuba??


São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 2008 :
"Raúl Castro anuncia que vai aumentar pensões

Judiciário também ganha aumento, mas médicos e professores ficam de fora"

Lembro-me que quando estava na escola e depois na faculdade nutríamos uma grande admiração por Cuba, aquela ilha mágica liderada por Fidel que tinha resistido bravamente ao capitalismo e ao imperialismo Americano, ilha utópica das revoluções e da humanidade em primeiro lugar, embora, óbvio, analisando mais a fundo não fosse exatamente isso...

No entanto as qualidades de seu governo eram tão exaltadas pela esquerda (e quem não foi de esquerda? quem, antes dos 30, não pensou em justiça ou igualdade social?) que Fidel era mais que um governante, era um ídolo, um símbolo do: "é possível viver melhor, com mais justiça, com mais dignidade". E contava-se fatos bonitos de lá, falava-se como a medicina ajudava as pessoas a sobreviverem, como todos eram atendidos e como a educação era melhor do que a nossa e de como também cada velho e criança recebia pão e leite para viver...

A Direita falava contra, claro, mas a Direita não merecia nossa confiança, a Direita não tinha os ideais da Esquerda, a Direita sempre foi o "lado mal", o lado da burguesia e " a burguesia fede" como já afirmava Cazuza...


Depois as coisas foram ficando difíceis, afinal "nem só de ideais vive o homem", vive também de comida e de coisas materiais e alguns vivem bem em ter mais do que os outros e alguns vivem melhor ainda por ter muito mais do que outros e por enquanto é assim que as coisas funcionam, por mais que isso possa parecer (ou ser) injusto...


Fidel se foi, e me pergunto até onde Cuba resistirá, aliás talvez ela nunca tenha resistido de fato, ao menos pelos relatos dos moradores que, pelo que se mostra na TV e nos filmes vivem desejando mudanças, abertura comercial, e sonhando o mesmo "sonho americano"...


Hoje li no jornal essa notícia do aumento das aposentadorias, os juízes foram comtemplados, mas professores e médicos não...


Os juízes são os que julgam, os que decidem junto aos políticos as coisas, já os professores e médicos são "apenas" aqueles que auxiliam a viver melhor...


Será mesmo Che que não se pode deter a primavera? será mesmo Che que ao se matar todas as flores ainda exista, em alguma parte, a primavera?


E agora Fidel?

quarta-feira, abril 23, 2008

Cotidiano

"Todo dia ela faz tudo sempre igual, me sacode às 6 horas da manhã, me sorri um sorriso pontual e me beija com a boca de hortelã"...
Não é que seja tudo igual, é que o hábito faz com que não olhemos mais para as coisas e aí nosso cérebro, que já tem gravado na memória tudo que aconteceu anteriormente (e por preguiça, ou por cansaço ou pela "lei do menor esforço") nos faz ter essa sensação de repetição constante, como se todos os dias acordássemos e fôssemos para o trabalho e... e... e... e... é como se cada dia fosse igual ao anterior embora cada dia seja um dia completamente novo, com gente nova e horas novas e tanta novidade que pra manter a sanidade o cérebro prefere não ver, prefere continuar com essa noção de cotidiano, de repetição...
Estou falando disso porque às vezes, dentro de um dia igual, repetido eu consigo ver coisas novas e no instante em que as vejo tenho uma sensação tão boa, tão minha, tão única que fico em estado de graça, como se um anjo tivesse descido e me contado um segredo tão importante como o nascimento de Jesus Cristinho e eu tivesse acreditado no anjo... é uma sensação de liberdade tão grande: liberdade da mente, liberdade do sentimento, liberdade da imaginação, liberdade de crer que a vida é uma eterna novidade...
Gosto de ser cotidiana, principalmente porque na repetição conseguimos sempre perceber a "diferença"...

sábado, abril 19, 2008

terça-feira, abril 15, 2008

A mentira é uma verdade que se esqueceu de acontecer

Mario Quintana

sexta-feira, abril 11, 2008





Tântalo moderno

Winkipedia: Na mitologia grega, Tântalo foi um mitológico rei da Frígia ou da Lídia, casado com Dione. Ele era filho de Zeus e da príncesa Plota. Segundo outras versões, Tântalo era filho do Rei Tmolo da Lídia (deus associado à montanha de mesmo nome). Teve três filhos: Níobe, Dascilo e Pélope. Certa vez, ousando testar a omnisciência dos deuses, roubou os manjares divinos e serviu-lhes a carne do próprio filho Pélope num festim. Como castigo foi lançado ao Tártaro, onde, num vale abundante em vegetação e água, foi sentenciado a não poder saciar sua fome e sede, visto que, ao aproximar-se da água esta escoava e ao erguer-se para colher os frutos das árvores, os ramos moviam-se pra longe de seu alcance sob força do vento. A expressão suplício de Tântalo refere-se ao sofrimento daquele que deseja algo aparentemente próximo, porém, inalcançável, a exemplo do ditado popular "Tão perto e, ainda assim, tão longe".

No Pushing Daisies o dom vira maldição, dar a vida a alguém com um toque é algo mágico, um dom divino, e o toque seguinte tirar a vida definitivamente é uma maldição... amar alguém a quem se deu a vida com o primeiro toque é ser Tântalo já que o segundo significaria a morte...
Realizar os desejos é sempre a morte: dos desejos! Nenhum desejo é eterno exceto os que são irrealizáveis, nenhum amor é eterno, exceto aquele que é impossível... viver é melhor que sonhar, como disse Elis, mas a vida passa e os sonhos permanecem...
Todos os que amam vivem como Tântalo, todos somos insaciáveis como ele e sentimos em nós o vazio e a sede e a fome: "parait qu'le bonheur est à portée de main alors on tend la main et on se retrouve fou"...
Amar é morrer de sede e fome tendo à sua frente tudo que se precisa para viver: isso é o amor!

segunda-feira, abril 07, 2008

L'amour?


Meu ceticismo em torno do amor, que surgiu logo após minha separação, tem se tornado cada vez mais fraco, por vários motivos...
Primeiro porque depois de um tempo o coração começa a dar sinais de vida e as janelas, da alma e do vestido, começam a se abrir novamente... o vento invade o ambiente e o frescor dos novos beijos nos faz parar de respirar por 30 segundos e depois sorver todo o ar que há no mundo!
Depois porque começamos a reavaliar, pensar, agora racionalmente no que deu errado, no porque ter dado errado e começamos a acreditar que podemos fazer melhor da próxima vez (e pensar isso já é um grande passo porque significa que queremos uma próxima vez, não com a mesma pessoa, claro!)...
E por fim, de tanto ouvirmos palavras doces e de tanto ganharmos beijos apaixonados, é impossível não crer que seja possível, por um tempo que seja, ser feliz novamente!
L'amour? Oui, je pense qu'il est pour moi!
Je veux tout: le gout du vents, la peau de mon amant et aussi l'amour!

quarta-feira, abril 02, 2008

Felicidade Imensurável

Há uma época da vida em que se mede a felicidade da gente pela sujeira da roupa, se está suja (mas suja mesmo: de doer!!) é porque fomos muito felizes, brincamos no barro, caímos na lama, nos divertimos a beça!
Há uma época que se mede a felicidade pelas notas que tiramos na escola (alguns nunca foram felizes suficientemente!!)...
E há épocas em que se mede a felicidade pelo tanto de cartas (ou bilhetinhos) de amor que recebemos... ou pelos olhares que ganhamos daquele garoto lindo que da nossa escola (ou da nossa rua, ou da nossa igreja, tanto faz, sempre tem um garoto lindo que gostamos) ou ainda pelo beijo bem dado, aquele que a gente quis toda a vida e que aconteceu finalmente!
Há épocas em que se mede a felicidade pela quantidade de vestibulares que passamos...
E há épocas que se mede a felicidade pela quantidade de amigos que gostam da gente e que nos convidam pras festas...
Há épocas em que a felicidade passa a ser ter uma conta bancária e o tamanho da nossa felicidade é exatamente a quantidade de zeros que temos depois de algum número qualquer na conta do banco ( e alguns só são felizes quando antes do zero não tem número algum!)...
Há épocas em que a felicidade se mede pela sujeira da roupa: dos nossos filhos!
E aí o ciclo recomeça...
E de repente percebemos que toda essa felicidade medida milimetricamente foi tanta que se tornou memoravelmente imensurável!