sábado, junho 22, 2013

Revolução

Eu sempre fui gauche... cresci com inveja do pessoal que lutou contra a ditadura, cresci ouvindo Chico Buarque, Caetano... achando que eles eram o máximo. Eu achava que se todo mundo se reunisse teria força pra fazer mudanças, como tiveram em todas as épocas da humanidade. Só que agora eu Cresci, estou crescida demais pra acreditar que haverá mudança sem que haja mudança de base, os governantes são desonestos porque não há honestos que os possa substituir, não é desde lá de cima que há roubalheira, é desde aqui debaixo de onde estamos. É o faxineiro que leva papel higiênico pra casa. O enfermeiro que leva luvas. O médico que cobra a mais pra agilizar a consulta ou a cirurgia. O diretor do hospital que leva 5 por cento nos contratos com fornecedores. O governador que repassa a verba mediante um agrado de 1%. O presidente que por 0,5% já se sente feliz de liberar verbas pra reformas nos hospitais... e eu me pergunto quantos atravessadores mais deve haver. E me pergunto também quem poderia atirar a primeira pedra. Posso dizer por mim que não sei se resistiria por muito tempo à tentação de ter uma vida melhor vendo tanto dinheiro e poder nas minhas mãos. Não se governa sozinho, exceto a si mesmo. Invista na coisa certa que o resto será desnecessário. Dê educação e vai contratar menos garis, menos médicos, menos policiais. Educação!! não essas escolas avacalhadas que vemos por aí, não esses professores incompetentes que fazem de conta que dão aula alegando saber que é inútil todo esse conhecimento pois a maioria dos alunos não passará o ensino médio. Dêem expectativa de vida a esses jovens que estão nos morros, nas favelas, nas ruas, nossos jovens! Nossos filhos. Não através de ongs que se aproveitam pra encher os bolsos de dinheiro. Através da escola. Instituição que deveria ser mais sagrada que os templos religiosos. Dêem aos professores dignidade. Todo mundo quer ser médico, advogado, engenheiro, porque dá dinheiro. Professor ninguém quer ser porque vive miseravelmente, contando os centavos pra pagar as contas. No geral as pessoas respeitam os médicos e no geral não respeitam os professores. Será que responsabilidade o Estado tem nisso?? A revolução maior que podemos fazer é aquela que começa em nós. A honestidade que podemos cobrar é a que temos pra oferecer!

domingo, junho 09, 2013

"Eu sou aquela que não nasceu pra isso"

Eu li isso em Fernando Pessoa certa vez e essa frase colou em mim como se ele a tivesse escrito só para que eu a lesse. Sempre que termino um relacionamento sem motivos justos a pessoa que estava comigo se casa e tem filhos eu penso: "eu sou aquela que não nasceu pra isso". Da vez que teimei em querer ter nascido pra isso não deu certo, obviamente não daria certo porque afinal de contas "não nasci pra isso". Se tivesse conhecido Fernando teríamos sido grandes amigos, talvez amantes, porque ambos nascemos com essa insígnia no peito. E nascer ímpar meus amigos não é nada fácil. Eu fico me perguntando porque não leio as mensagens que chegam no meu celular e digo: "A que ótimo vc me convidar pra sair, vou adorar sair com vc!" em vez de dizer: "pode ser" ou simplesmente não responder... Um lado meu quer ter nascido pra isso, um lado meu quer ser legal e simpática e dizer coisas legais. Mas o outro lado fica me dizendo 'deixa de ser boba, vai cair de novo numa dessas? pra que? que sentido faz? vc está bem assim! não se iluda! quanto maior a felicidade que conseguir maior será a tristeza que terá no final, uma vida sem grandes alegrias é também uma vida sem grandes tristezas, lembre-se: você é aquela que não nasceu pra isso!' E assim é que eu fico aqui, sozinha, na cama. E não se iludam meninos... é muito fácil me levar pra cama, basta vc me tirar da cama. Me tirar da cama é que são elas, né Platão?

segunda-feira, junho 03, 2013

Ludovic Dupont

Quando me mudei para o Rio de Janeiro fiquei mais ou menos um ano sem trabalho e também sem estudar, um ano que eu passei pensando na vida, entre meditações na praia vermelha e pôres do sol no arpoador... E nesse ano me aconteceu um contato virtual interessante. Tentando treinar meu francês comecei a manter contato com um jeune homme français, nos conhecemos num chat da frança e começamos a nos corresponder de muitos modos, por e-mails, mensagens instantâneas, telefone... Ele era Dj e fez até uma música pra mim, linda linda... em francês claro, dizia coisas do tipo : "minha estrangeira, que não compreende tudo que eu falo mas eu a amo mesmo assim, porque ela entende o que meu coração diz". E assim foi que um dia numa das suas cartas Ludovic Dupont, me envia um anel de noivado. Fiquei assustada, estarrecida, encantada também claro. Daí que passei na faculdade. Daí que não tinha mais tempo pra nada. Daí que conheci o pai da Mariana, me apaixonei e depois de dois anos morando juntos, numa das nossas mudanças, joguei fora cartas, lembranças e o anel do Ludovic. Esses dias lembrei dele e procurei na internet algo que pudesse me levar a reencontrá-lo, certamente deve estar casado, com filhos, não sei se ainda faço parte das lembranças dele, talvez se lembre vagamente de mim , não importa, eu gostaria de saber dele, como está, se está feliz... Meu amor irrealizado, Ludovic Dupont. Tenho saudades de pensar como seria minha vida morando na França a seu lado.

domingo, junho 02, 2013

Se...

Se não fosse esse dia frio... Se o Brasil não tivesse empatado com a Inglaterra no futebol... Se eu não tivesse na mente ainda aquela cena de terror com a Mariana me acordando de madrugada toda ensanguentada... Se a vida tivesse me dado mais alguns limões... Se houvesse gelo e açúcar suficiente... Se ao menos eu tivesse nascido com o dom de beber pra esquecer... ou com memória suficiente pra lembrar... Ah se eu pudesse voltar atrás uma vez só e mudar só um dia da minha vida, unzinho só, nem precisava ser dois ou três... Se eu não fosse tão apaixonada pela minha família como sou... Se eu pudesse... só por hoje...