terça-feira, junho 26, 2012

C'est la vie??

São Paulo, terça-feira, 26 de junho de 2012 Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros Carlos Heitor Cony "C'est la vie" RIO DE JANEIRO - "Política é a arte de engolir sapos." A frase pode ser alterada, trocando-se a palavra "arte" por outra: "necessidade". E não se aplica apenas aos profissionais que se dedicam e, em alguns casos, se beneficiam com a obrigação de comer batráquios, mas àqueles que torcem e chegam a se entusiasmar com os artistas ou com os necessitados de se alimentar com um produto que ainda não faz parte da cesta básica. A foto de Lula na casa de Maluf, a cordialidade do encontro de dois sobas da nossa vida pública e o acordo para eleger o novo prefeito de São Paulo fizeram clamar até "os paralelepípedos da rua Lins de Vasconcelos" -essa imagem era usada pelo Nelson Rodrigues. Mas o estupor de tanta gente não foi inédito. Lembro outra foto que causou indignação geral. Preso durante anos por Getúlio Vargas, o líder comunista Luís Carlos Prestes, logo que saiu de uma longa prisão, compareceu e foi fotografado ao lado do ditador num comício, aqui no Rio. Durante a Segunda Guerra Mundial, os democratas Roosevelt e Churchill saíram numa foto ao lado do ditador Stálin, todos num mesmo barco e com a mesma cordialidade. Três notórios adversários -JK, Jango e Carlos Lacerda-, ao se aliarem numa frente ampla contra o regime militar, se abraçaram em Lisboa e em Montevidéu, esquecendo os insultos e até mesmo as infâmias que trocaram entre si. "C'est la vie" -explicou uma prostituta francesa ao freguês que lhe perguntara por que exercia a profissão mais antiga do mundo. Embora pessimista integral, ainda espero que os dois mais antigos adversários do mundo -Deus e Satanás-, depois de séculos em que danaram tantas almas, se reconciliem e tirem uma foto se abraçando, numa capa em quatro cores da revista "Caras".

domingo, junho 10, 2012

A DELICADEZA DO AMOR

Sim, eu gostei! A delicadeza do filme não é para qualquer espectador, há de se ter uma delicadeza no olhar, no sentir, no pensar e também aquela predisposição a pensar sobre coisas importantes. Pressupõe-se que quem vá ver um filme desses é porque quis ver algo diferente da agitação dos filme americanos ou mesmo em muitos casos da superficialidade com que certos temas são tratados, não que isso seja de todo ruim, há dias em que o que precisamos são apenas rostos bonitos e diálogos vazios. Foi o segundo filme sobre amor que vi em anos, o último que me lembro foi "Brilho eterno de uma mente sem lembranças". Agora Delicadeza do Amor veio novamente ao encontro do que tenho vivido. Após um longo período de luto sem motivo aparente, sem razão acessível ao consciente, Nathalie tem uma atitude inesperada. E o filme mostra como o inesperado age de modo positivo em nossas vidas, como o amor não é uma busca mas um encontro, um acaso, uma enorme coincidência, um "estar ali no lugar certo exatamente naquela hora em que era pra acontecer"... E acontece que apesar da nossa luta, em direção ao amor ou na fuga desesperada dele, ele acontece, não pede permissão, nem passagem, pede apenas pureza de alma, um pouco de aceitação, encontros fortuitos, desinteressados, divertidos, o amor só nos pede verdade e o filme nos mostra como os homens se enganam a respeito do que consideram importante na magia da conquista. Conquistar é ser verdadeiro, é ser você mesmo, é se permitir ser ridículo, desajeitado às vezes, é deixar que algumas coisas dêem errado... conquistar alguém é mais do que satisfazê-lo na cama, mais do que levá-lo para a cama, é criar vínculos que façam esse momento ser natural, inevitável! Sim, há uma delicadeza enorme em tudo isso! http://www.cineclick.com.br/filmes/ficha/nomefilme/a-delicadeza-do-amor/id/18008

Folha de S.Paulo - Ciência + Saúde - Breve meditação sobre o Nada - 10/06/2012

 

Folha de S.Paulo - Ciência + Saúde - Breve meditação sobre o Nada - 10/06/2012

Na física moderna, o espaço vazio, o 'Nada', pode abrigar flutuações capazes de dar origem a todo um universo

Recentemente, envolvi-me num debate com o físico Lawrence Krauss, que publicou um livro no qual afirma que a física hoje explica como o Universo surgiu do nada. Ou seja, a velha questão da Criação sob roupagem científica, e mais um exemplo de arrogância intelectual.

É bom começar com Aristóteles, que decidiu que a "natureza detesta o vácuo", declarando que o "nada" não existe, ao menos como vazio absoluto. Para ele, o espaço era pleno de éter, a substância dos planetas e demais objetos celestes.

No século 17, Descartes também propôs que a natureza era plena. Os planetas eram carregados em torno do Sol por redemoinhos celestes, criados pela circulação duma substância que enchia o espaço.

Newton mostrou que Descartes estava errado, argumentando que a fricção causaria a queda da Lua sobre a Terra. Para ele, a gravidade podia ser explicada por uma força à distância, agindo no vazio.

Esse pingue-pongue continuou até o século 19, quando James Maxwell mostrou que a luz é uma onda eletromagnética. Como toda onda, precisava dum meio para se propagar. Maxwell e outros sugeriram o éter, diferente do dos gregos, mas que preenchia o espaço sem provocar fricção nas órbitas celestes.

Em 1905, Einstein mostrou que o éter era desnecessário: as ondas de luz podem se propagar no espaço vazio. Mais uma vez, o éter some.

Em torno da mesma época veio a mecânica quântica, para explicar a física dos átomos. Foi então que tudo mudou: as regras no mundo dos átomos são diferentes das do nosso mundo. Mais precisamente, seus efeitos existem no nosso mundo, mas são imperceptíveis.

No mundo atômico, nada para. A matéria vibra incessantemente, feito gelatina sacudida. Se você tenta localizar um elétron num ponto do espaço, ele escapa feito uma gota de mercúrio. Esse é o princípio da incerteza de Heisenberg, que impõe um limite absoluto na informação que podemos obter do mundo.

Como movimento tem energia, o princípio também diz que a energia nunca é zero. Na física moderna, representamos uma partícula como excitação de um campo. O espaço é permeado por campos que, de vez em quando, criam partículas.

Os campos vibram incessantemente e, com isso, podem criar partículas com energias variadas: quanto maior a energia, menos tempo essas partículas duram, retornando ao "nada" de onde vieram, o campo vazio (ou vácuo). Se incluirmos a gravidade nesse esquema, e entendendo que é interpretada como a curvatura do espaço causada pela matéria, flutuações quânticas no campo gravitacional levam à flutuações na curvatura do espaço.

Temos, então, o espaço vazio, o "Nada", onde uma flutuação pode levar a uma bolha de espaço, um cosmoide que pode crescer e se transformar num universo inteiro.

É assim que a cosmologia descreve a criação do Universo a partir do nada. Esse tipo de explicação pressupõe toda uma estrutura conceitual, e não faz sentido sem ela. Já não basta celebrar a inventividade humana, capaz de criar teorias desse tipo, sem ter de elevá-la a um nível divino? Parece-me óbvio que a mente humana não pode criar num vácuo: o "nada" absoluto é importante como instrumento metafísico, mas sem importância no mundo real.

MARCELO GLEISER é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor de "Criação Imperfeita". Facebook: goo.gl/93dHI

segunda-feira, junho 04, 2012

Ser Feliz é possível?

Penso que ser feliz é algo tão difícil que quando acontece conosco dá medo e até dói. Porque sempre pensamos que a felicidade de agora pode ser um sofrimento depois e isso já é não ser feliz por completo. O perdão é uma grande felicidade, libertar-se de sentimentos ruins, mágoas é uma grande alegria para o nosso coração! O sentimento de irmãndade também é uma grande felicidade, é uma alegria pura que nos faz ser melhores do que somos e ser melhor do que somos é uma grande alegria não só para nós mesmos mas também para toda a humanidade! Ser feliz nos relacionamentos que envolvem sexo é o maior desafio pelo qual passam os sentimentos humanos, porque envolve sentimentos dos quais devemos nos livrar tais como o egoísmo, o orgulho, a volúpia... Uma certa felicidade me envolve agora e tento não pensar muito nisso porque pensar já é não ser tão feliz quanto sentir!